sexta-feira, setembro 23

Menino de 10 anos atira em professora e se mata


Um menino de 10 anos, descrito como estudioso, calmo, sem nenhum registro de violência ou bullying, aluno de uma escola pública modelo do ABC, levou ontem a arma do pai – um GCM com 14 anos de corporação – para a escola e, no meio da tarde, levantou da carteira e atirou na professora pelas costas. Depois, saiu da sala e se suicidou com um tiro na cabeça. Os motivos que levaram ao crime ainda são investigados.
Os tiros foram ouvidos na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, logo após um dos intervalos do turno da tarde, às 15h50. Os estudantes de algumas turmas ainda se dirigiam para as salas quando David Mota Nogueira, de 10 anos, aluno do 4.º ano C, se levantou, sem nenhum aviso, e apontou a arma para a professora de português Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, que estava escrevendo na lousa. Em seguida, atirou. Saiu na sequência e disparou na própria cabeça.
A professora levou um tiro na região posterior do lado esquerdo, na altura do quadril, e sofreu uma fratura na patela direita. Levada ao Hospital das Clínicas, na zona oeste da capital, seu estado de saúde era moderado e ela passaria ontem por uma tomografia para verificar se havia necessidade de retirar a bala. O menino foi levado ao Hospital Albert Sabin, onde morreu após sofrer duas paradas cardiorrespiratórias às 16h50.
O pai de David, o GCM Milton Evangelista Nogueira, de 42 anos, chegou a sentir falta de sua arma. O revólver calibre 38, de sua propriedade e não da corporação, costumava ficar guardado sobre o armário, segundo depoimento informal que prestou à delegada titular do 3º DP de São Caetano, Lucy Mastellini Fernandes, na noite de ontem.
Foi Milton quem levou os filhos – além de David tem outro garoto de 14 anos – para a escola. Ao retornar para casa, viu que o revólver não estava no lugar de costume. Como não o encontrou, retornou ao colégio. Segundo contou à delegada, pediu que os dois fossem chamados e na conversa que teve com eles, ambos disseram desconhecer o paradeiro do revólver. Voltou para casa e, pouco depois, o filho mais velho telefonou contando sobre a tragédia.
Na escola, alguns estudantes chegaram a afirmar que Milton procurou a arma somente com o filho mais velho, mas a versão foi contrariada pelo GCM no depoimento à delegada.
De acordo com colegas e funcionários da escola, David era estudioso, inteligente e calmo. Não havia nenhuma queixa contra ele na secretaria. “Só sabemos, por enquanto, que não gostava da professora. Mas isso não é motivo para levar uma arma para escola e atirar em alguém”, afirmou o secretário de Segurança de São Caetano, Moacir Rodrigues.
Rosileide já havia comentado com o seu namorado sobre o garoto. “Ela dizia que o menino fazia brincadeiras violentas com os colegas, respondia de forma malcriada. E falou isso para a direção da escola. Acreditava que não devia estudar ali, mas em uma escola especial”, afirmou o namorado, Luís Hayakawo, de 37 anos.
Preocupado com as constantes reclamações de Rosileide sobre o ambiente na escola, Hayakawo vinha tentando convencê-la a mudar de emprego. “Mas professor só dá aula no amor mesmo e ela ama dar aula.”
O secretário municipal de Segurança, porém, negou que essa desavença existisse. Outros alunos também fizeram relatos diferentes. Da mesma maneira, não havia nenhuma informação de que o menino sofresse bullying ou tivesse feito ameaças à professora, a funcionários ou a colegas.

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